A região oeste de Santa Catarina, colonizada por italianos e alemães no início do século XX, constituiu-se em torno de uma cultura do trabalho, relegando iniciativas isoladas e tênues da arte e de produção cultural. Tais características limitaram o desenvolvimento intelectual e cultural da população desta região. Além disso, independente de pesquisas científicas sobre o tema, a observação cotidiana revela alguns indicadores sugestivos. O nível de conhecimento histórico e literário dos jovens que ingressam no ensino superior é extremamente baixo. Informações fornecidas por organizadores de concursos vestibulares indicam que o desempenho dos estudantes desta região no quesito “redação” é significativamente inferior ao dos jovens de outras regiões do estado. Esse fator tem sérias consequências no processo de desenvolvimento regional.
Pesquisas indicam que o nível de informação de estudantes e professores do ensino médio sobre as transformações recentes no mundo do trabalho e sobre o atual processo de desenvolvimento globalizado é insatisfatório, revelando sérias dificuldades desses indivíduos em acompanhar os movimentos civilizatórios em curso no Brasil e no mundo, levando-os a não dispor de informações adequadas para embasar suas decisões profissionais. Tal dificuldade, notoriamente, é estendida aos empresários e outros agentes econômicos.
Com base nessas premissas, pode-se intuir que, sem uma modificação significativa desse cenário, o desenvolvimento regional permanecerá aquém das necessidades e das potencialidades regionais. Nesse sentido, o papel da Universidade é extremamente relevante, pairando sobre ela a maior expectativa de liderança e articulação de diferentes atores sociais para uma intervenção transformadora nesse cenário.
Historicamente, o hábito da leitura é um elemento de transformação social e de aquisição do conhecimento. Sendo assim, a percepção de que a grande região Oeste de Santa Catarina não possui um fórum central e amplo para sugerir e debater as ações em torno do livro e da leitura, situa a Unochapecó a propor a Feira do Livro Chapecó: um evento com duração de 8 (oito) dias que acontecerá em Chapecó (SC), local estratégico e de grandes perspectivas derivadas da posição entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
A proposta da Feira surge em um momento em que a Unochapecó já adquiriu experiência na organização de feiras, atividades e eventos literários, como a Feira do Livro de Chapecó de 1999 (com a presença de autores como Ligia Bojunga Nunes, Ana Maria Machado, Fanny Abromovich, Moacir Scliar, entre outros) que contou com a visita de 32 mil estudantes de escolas de toda a região, a Festa do Livro, organizada desde 2001 dentro do campus, a Pró-Bienal do Livro em 2014 que contou com um público maior que 2.000 pessoas e Feira do Livro Chapecó 2017, realizada entre 24 à 26 de outubro de 2017, contou com um público superior a 8.000 pessoas, a Feira do Livro Chapecó 2018 (PRONAC 179674), realizada entre 17 à 21 de setembro de 2018 que contou com um público estimado em 20 mil pessoas, a Feira do Livro Chapecó 2019 (PRONAC 183860), realizada entre 17 à 21 de setembro de 2019. contou com um público estimado em 30 mil pessoas, além de outros eventos afins em parceria com entidades da região. Esta competência se deve, especialmente, ao investimento que a Unochapecó vem fazendo em muitas frentes como: a) a EDITORA ARGOS (e a Livraria Argos), criada em 1992 para a publicação de livros pertinentes para a comunidade regional; b) o LITERATÓRIO – Laboratório de Literatura, criado em 2003 que especializou-se em programas de leitura que possuem como eixo fundamental a contação de histórias para estudantes dos ensinos fundamental e médio da região de abrangência da universidade; c) CEOM – Centro de Organização da Memória do Oeste Catarinense. Criado em 1986, desenvolve trabalho de arquivo de documentos e imagens da região, trabalho arqueológico, projetos na área de memória realizados em conjunto com outras instituições e atividades permanentes com escolas da região. Além dessas atividades, a Universidade possui uma Coordenadoria de Extensão, um Setor de Comunicação e um Escritório de Projetos e Prestação de Serviços que planejam e desenvolvem diversos eventos culturais, artísticos, educativos, esportivos e sociais voltados ao crescimento e ao desenvolvimento da comunidade regional.
A Feira do Livro Chapecó prevê uma programação artística e cultural variada e gratuita, a fim de atingir diversos públicos, mas tendo como foco principal estudantes dos dois gêneros do ensino fundamental de escolas públicas e privadas de Chapecó, da região oeste de Santa Catarina e dos estados vizinhos Rio Grande do Sul e Paraná.
Anteriormente à Feira, será executado um Programa de Formação de Mediadores de Leitura junto às escolas da região, onde o principal objetivo é familiarizar os estudante com os autores e desenvolver o hábito e o gosto pela leitura.
Pelo que foi exposto, a Feira do Livro Chapecó constitui-se como um evento essencialmente voltado à difusão do hábito da leitura entre o público e poderá tornar-se um fórum permanente para discussão e implementação de ações em torno do livro e da leitura na sua região de atuação. Visualiza-se também a contribuição com a integração cultural dos estados do Rio Grande do Sul e Paraná, bem como a aproximação dos livros e os leitores na tentativa de que a leitura e a escrita se tornem práticas constantes desta população, possibilitando assim, uma nova compreensão do mundo e novas formas de intervenção na vida pública e na vida privada.
O projeto se enquadra com os incisos abaixo relacionados do Art.1º da Lei 8313/91:
I – contribuir para facilitar, a todos, os meios para o livre acesso às fontes da cultura e o pleno exercício dos direitos culturais;
III – apoiar, valorizar e difundir o conjunto das manifestações culturais e seus respectivos criadores;
VIII – estimular a produção e difusão de bens culturais de valor universal, formadores e informadores de conhecimento, cultura e memória;
Também, o mesmo se enquadra com os objetivos abaixo relacionados do Art.3º da Lei 8313/91:
I – incentivo à formação artística e cultural, mediante:
c) instalação e manutenção de cursos de caráter cultural ou artístico, destinados à formação, especialização e aperfeiçoamento de pessoal da área da cultura, em estabelecimentos de ensino sem fins lucrativos;
II – fomento à produção cultural e artística, mediante:
e) realização de exposições, festivais de arte e espetáculos de artes cênicas ou congêneres;
IV – estímulo ao conhecimento dos bens e valores culturais, mediante:
a) distribuição gratuita e pública de ingressos para espetáculos culturais e artísticos;
V – apoio a outras atividades culturais e artísticas, mediante:
c) ações não previstas nos incisos anteriores e consideradas relevantes pelo Ministro de Estado da Cultura, consultada a Comissão Nacional de Apoio à Cultura.